Normalmente todos os posts do blog são escritos por mim, mas hoje tenho de partilhar um texto que acabei de ler sobre o uso de bicicletas na Holanda, mas que se aplica perfeitamente à situação na Bélgica.
"É um país pequeno e tudo é perto. Com essas
características, desenvolveu-se toda uma cultura de andar de bicicleta
aqui. Aqui, bicicleta é Fiets.
(...) O holandesinho nasce e é colocado num
caixotinho que algumas bikes daqui tem na frente, com um bercinho. Se
estiver chovendo eles põem uma coberturinha de plástico em cima do
carrinho, e a mamãe ou o papai se mandam ciclovias afora, pedalando sem medo. Niqui o gurizinho ou
guriazinha já consegue sentar, o pai ou mãe colocam eles numa cadeirinha
que fica na bike (existem fiets com até duas cadeirinhas pra crianças) e
'bora, ainda pedalando loucamente. Agora nosso pequeno amsterdanês já
tem dois anos de idade e começou a andar em pézinho há quase um ano...
já pode ter sua kinder fiets (bicicleta de criança). E ai vão pai, mãe e
kinder, todos pedalando.
Lá pelos 8 anos de idade o guri já joga futebol em cima da fiets dele, faz acrobacia, pensa bem, ele começa a caminhar com um
aninho, pouco mais, pouco menos, e andar de bike com dois aninhos, pouco
mais, pouco menos... não tem diferença prática do tempo em que ele sabe
caminhar e do que ele sabe andar de fiets.
Quando ele tem 18 anos ele pedala segurando o guidão com uma mão só,
com a outra ele escreve SMS no celular, com
uma sacola do Albert Heijn nas costas (a maior rede de super mercado
daqui), cabeça
baixa prestando atenção no texto do celular, desviando loucamente dos
turistas perdidos parados na ciclovia. Sem medo, ele e sua bike.
Com 25 ele já arrumou um emprego, e em alguns casos esse emprego
exige um terno. Sem problemas. Ele põe o terno e vai trampar. De bike.
Segurando a pastinha. E falando no celular. Na hora do almoço ele pode
estar comendo um lanche, ou algo assim, com uma mão só. Só coxinhas
precisam das duas mãos pra guiar a bike em zigue-zague entre os
turistas. Ou da cabeça levantada pra enxergar o caminho.
E as meninas também pedalam pra balada usando vestidos ultra-apertados ou mesmo salto alto.
(...) Eu não contei ainda, mas eles dão carona nas
bicicletas. E não tem banquinho de carona, não, é sentadão onde der,
eles vão totalmente equilibrados... sem medo nas bikes, zunindo por
entre turistas e trams.
Agora nosso típico habitante de Amsterdam tem seus 70 anos de idade.
Ele ainda está fazendo tudo na fiets dele. Anda pra lá e pra cá, sem
usar o celular, essa coisa nova que inventaram ontem, mas totalmente a
vontade. Pra parar a fiets na frente da banquinha de frutas onde foi
fazer compras, ele tira o pé direito do pedal, passa pro outro lado da
bicicleta, apoiando-o no calcanhar esquerdo, ficando de banda na bike
que ainda anda com o impulso. Vai controlando a parada até desmontar num
gesto fluído, que emenda no ato de baixar o apoio pra deixar o seu
cavalo de ferro parado de pé, enquanto faz as compras. 70 anos. No
mínimo."
Ao fim de 5 meses, ainda fico de boca aberta com o que vou vendo por aqui, desde as crianças pequeníssimas que andam perfeitamente equilibradas nas suas bicicletas sem rodinhas (nunca vi nenhuma usá-las), até aos idosos que andam todo o dia de bicicleta de um lado para o outro.
Ainda me arrepio quando vejo os pais, muito tranquilos, a conduzir as suas bicicletas, com os filhos nos cestinhos, na berma de uma autoestrada ou ao lado dos trams.
Os jovens nem sequer tiram a carta, porque acham que carros não são necessários e, para eles, é absurdo alguém não saber andar de bicicleta.
Ainda me arrepio quando vejo os pais, muito tranquilos, a conduzir as suas bicicletas, com os filhos nos cestinhos, na berma de uma autoestrada ou ao lado dos trams.
Os jovens nem sequer tiram a carta, porque acham que carros não são necessários e, para eles, é absurdo alguém não saber andar de bicicleta.
Realmente, eles só podem nascer em cima de uma.
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